sexta-feira, 15 de fevereiro de 2013

Testemunhas e músicos da New Hit serão ouvidos sobre estupros na BA



Audiência de instrução será realizada na próxima semana, diz advogado.
Duas garotas de 16 anos denunciaram dez homens por crime de estupro.

                        
New Hit (Foto: Imagem/TV Subaé)Banda fez primeiro show após prisão em dezembro
de 2012 (Foto: Imagem/TV Subaé)
Integrantes da banda de pagode New Hit, acusados de estupro contra duas fãs adolescentes no dia 26 de agosto de 2012, na cidade de Ruy Barbosa, na Bahia, serão ouvidos em audiências de instrução entre a segunda (18) e quarta-feira (20).
"Vão ser oitivas das testemunhas arroladas pela acusação e as testemunhas arroladas pela defesa que moram em Ruy Barbosa. As que não moram vão ser ouvidas por carta precatória. Assim que terminar o depoimento da defesa, os integrantes vão ser ouvidos. Isso pode acontecer na segunda, terça ou quarta-feira", explica Antônio Leite Matos, advogado do vocalista do grupo. A audiência vai acontecer na comarca de Ruy Barbosa.
Segundo Leite Matos, após as oitivas, a juíza de Ruy Barbosa vai dar vistas ao Ministério Público e à defesa dos acusados para pedir diligências. "Depois vem o debate oral. Mas o Ministério pode substituir o debate oral por escrito. Não tem prazo para isso acontecer porque vai depender de todo processo", afirma o advogado.
Somente após o debate oral ou a apresentação por escrito do MP e da defesa que o juiz responsável pelo caso poderá proferir a sentença. "Não vai haver júri popular porque não se trata de um crime doloso contra a vida, como é no caso de homicídio, infanticídio ou aborto, por exemplo", acrescenta a promotora Marisa Jansen, responsável pelo caso.
Primeiro show
Os integrantes da banda fizeram no dia 30 de dezembro de 2012, em Feira de Santana, a 107 Km de Salvador, a primeira apresentação após serem presos. No dia 5 de outubro, aparticipação da banda New Hit no Festival de Pagode, na capital baiana, foi cancelado pela Salvador Produções. Na ocasião, a empresa alegou que os integrantes da New Hit não tinham condições psicológicas para realizar a apresentação.
Caso
Nove integrantes da banda New Hit ficaram presos 38 dias e foram soltos no dia 3 de outubro mediante um pedido de habeas corpus. Junto com os integrantes da banda, um policial militar que fazia a segurança do grupo é suspeito de ter sido conivente com o crime. Todos eles, inclusive o PM, foram indiciados por estupro e formação de quadrilha no dia 25 de setembro.
New Hit (Foto: Imagem/TV Subaé)Públicou lotou casa de show para ver músicos
(Foto: Imagem/TV Subaé)
O documento, que tem 23 páginas, foi protocolado pelo delegado Marcelo Cavalcanti, titular da Delegacia de Ruy Barbosa, na Vara Criminal, no dia 24 de setembro.
Perguntado sobre a versão deles sobre as acusações, o vocalista da banda Eduardo Martins disse na época: "Não podemos falar sobre os fatos por segurança dos nossos advogados e não podemos entrar em detalhe sobre os fatos, mas a Justiça vai fazer justiça, e com fé em Deus todas as provas vão aparecer e as coisas vão ser bem encaminhadas", explicou o músico.
A festa aconteceu no município de Ruy Barbosa, enquanto o grupo tocava em um trio elétrico, na micareta da cidade. De acordo com a versão das meninas que acusam os integrantes, elas foram recebidas no ônibus do grupo para poder tirar fotos, quando o crime teria acontecido.  Eles disseram que não têm costume de receber fãs no ônibus da produção.
Caso New Hit (Foto: Reprodução/TV Subaé)Adolescentes apontam integrantes como autores
de estupro (Foto: Reprodução/TV Subaé)
"Como foi um lance de trio, foi uma ocasião especial porque não tinha onde tirar foto, já tinha outra banda para subir para levar o percurso do trio e foi uma ocasião especial", disse Martins ao justificar a entrada das garotas no ônibus.
Denúncia
A juíza da Vara Crime de Ruy Barbosa, Márcia Simões da Costa, recebeu no dia 4 de outubro a denúncia de estupro qualificado pelo Ministério Público da Bahia, de autoria da promotora Marisa Marinho.
Em nota, o Ministério Público da Bahia (MP-BA) informou que a promotora relatou no documento que durante a ação uma das vítimas foi "puxada pelos cabelos, agredida fisicamente e xingada" por seis dos suspeitos. Na denúncia, a promotora classifica como "vis e animalescos" os atos cometidos contra a outra adolescente envolvida no caso.

Ainda no documento, ela falou da importância dos responsáveis serem julgados para que o caso não fique impune. “Acreditamos que a Justiça dará os encaminhamentos necessários para a responsabilização dos acusados. O importante é não deixar este episódio impune. É preciso que o caso sirva de exemplo para a sociedade, evitando a possível sensação de impunidade. Esta é uma oportunidade de reafirmar que as mulheres baianas têm direito a uma vida sem violência”, pontuou.
Secretária lamenta

Em documento divulgado no dia 3 de outubro, a secretária estadual de Políticas para as Mulheres, Lúcia Barbosa, lamentou a soltura dos suspeitos. No documento, ela diz que “o caso merece atenção especial, uma vez que o ato possui características de crime hediondo, com participação de mais de um autor, contra vítimas que não puderam e nem conseguiriam esboçar qualquer reação de defesa”.
Habeas corpus
Os nove integrantes da banda de pagode New Hit e o policial militar que fazia a segurança do grupo tiveram o primeiro pedido de habeas corpus deferido pela Justiça na manhã do dia 2 de outubro. O pedido foi julgado na 2ª turma da 1ª Câmara Criminal do Tribunal de Justiça da Bahia (TJ-BA), pelo desembargador Lourival Almeida Trindade, relator da sessão.
Mapa cidade de Ruy Barbosa, Bahia (Foto: Arte G1)
Investigações
De acordo com o delegado Marcelo Cavalcanti, o laudo fornecido pelo Departamento de Polícia Técnica (DPT), de Feira de Santana apontou que foi encontrada uma quantidade de sêmen nas roupas das meninas e de um dos músicos. Segundo a polícia, o resultado foi considerado prova material e influenciou no indiciamento dos suspeitos.
A polícia indicou ainda que o volume de sêmen localizado é "bastante" superior à quantidade de "uma, duas ou três pessoas". Por isso, foi solicitada a realização de exames de DNA para identificar a quem pertence o sêmen localizado pela perícia.
Agressão
Segundo relato das vítimas, elas foram até o trio da banda para pedir autógrafos e tirar fotos com os artistas. Um produtor do grupo teria orientado as garotas a ir para o ônibus da banda, onde denunciaram ter ocorrido a violência sexual. Segundo a polícia, dois integrantes admitiram que fizeram sexo com as adolescentes, porém com consentimento. Os outros negaram que tiveram relação sexual com as garotas.

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