Servidor
disse que senha do deputado foi usada para criar requerimentos.
Documento
serviria para pressionar empresário; defesa diz que não há prova.
O
procurador-geral da República, Rodrigo Janot, considerou que informações
prestadas num depoimento de um ex-diretor de informática da Câmara à Operação
Lava Jato "reforçam as suspeitas" sobre o presidente da Câmara,
Eduardo Cunha (PMDB-RJ), no esquema de corrupção da Petrobras.
No
depoimento dado a três procuradores e um delegado da Polícia Federal no dia 28
de abril, Eira confirmou que dois requerimentos apresentados em 2011 pela
ex-deputada Solange Almeida (PMDB-RJ), atual prefeita de Rio Bonito (RJ), tiveram
seus arquivos eletrônicos originais criados a partir de uma "senha pessoal
e intransferível" em nome do usuário "Dep. Eduardo Cunha".
O servidor,
diz, porém, que cabe à deputada explicar por qual motivo consta o nome do
deputado no documento, posteriormente apresentado por ela na Câmara.
O depoimento
de Eira foi realizado por causa da declaração do doleiro Alberto Youssef, que,
em sua delação premiada, relatou que os requerimentos foram feitos para
pressionar o empresário Júlio Camargo a continuar a pagar propina ao PMDB. Nos
papéis, havia cobrança de explicações sobre um contrato celebrado entre a
Mitsui, de Júlio Camargo, e a Petrobras.
Questionado
sobre o depoimento de Eira, o advogado de Cunha, Antônio Fernando de Souza, diz
que as informações prestadas pelo ex-diretor "não conduz a nada e não
prova nada". "O fato de estar registrado no gabinete dele não quer
dizer nada", afirmou.
"O
Ministério Público está fazendo carnaval em cima de fato irrelevante. A senha
dele pode ter sido usada, sim, mas não foi ele quem fez o requerimento. Muitas
pessoas usavam o gabinete, outros deputados. Além disso tudo, esse fato é
irrelevante porque o requerimento não tem consequência nenhuma. Tirar a
conclusão é uma ilação, não tem fundamento. O MP não tem outros fatos para
investigar e fica se agarrando em bobagem. Nós, defesa, estamos despreocupados
porque não há nada nesse inquérito", completou o advogado.
Em seu
depoimento, Eira também conta que foi demitido por ordem de Cunha para
"dar um exemplo para a Casa que não aceitaria vazamentos", segundo
lhe relatou o diretor-geral da Câmara, Sérgio Sampaio. O servidor, porém,
explicou que os dados da Câmara que mostram o deputado como autor dos arquivos
não foram vazados, mas estão na internet.
A defesa de
Eduardo Cunha já protocolou pedido no Supremo para arquivar as investigações,
apontando que as delações de Júlio Camargo e do ex-diretor Paulo Roberto Costa
não corroboram as afirmações de Youssef sobre o deputado. O pedido ainda deve
ser levado a julgamento pelo plenário, em data ainda não definida.
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