domingo, 24 de junho de 2012

'Nem ódio, tampouco perdão', diz Dilma sobre tortura

Segundo ela, "a questão não é o torturador, é a tortura" e o contexto que permite tal tipo de crime


Dilma Rousseff durante conferência da Rio+20
Ao comentar um depoimento seu concedido no ano 2001 e divulgado agora, no qual relata detalhes sobre sua prisão aos 22 anos, ameaças e tortura, a presidente Dilma Rousseff disse nesta sexta-feira (22) ser difícil identificar seus algozes.
"Algumas das figuras que me torturaram não tinham nomes verdadeiros", disse a presente, em entrevista coletiva.

Segundo ela, "a questão não é o torturador, é a tortura" e o contexto que permite tal tipo de crime.
"Uma das melhores coisas que aconteceram é não me fixar nas pessoas".
Sobre seus sentimentos a respeito do seu tempo de prisão e da tortura, no início da década de 1970, Dilma afirmou que poderia resumir assim: "Nem ódio, nem vingança, mas também tampouco perdão".
A mesma expressão foi usada por ela em maio durante ato da instalação da Comissão da Verdade.
"Vingar-se [de alguém] ou magoar [alguém] é ficar dependente de quem você quer se vingar ou magoar", afirmou a presidente.
No depoimento, Dilma relata detalhes sobre sua prisão aos 22 anos, ameaças e a tortura a que foi submetida na ditadura militar (1964-1985).
Ela fala em medo, dor, choques, palmatórias e as marcas que ficaram disso tudo.
Entre as ameaças, cita uma encenação de fuzilamento e frases como "você vai ficar deformada", "ninguém vai te querer", "vai virar presunto".
O relato foi feito ao Conselho dos Direitos Humanos de Minas Gerais, num processo para que ela pudesse ser indenizada em R$ 30 mil pelo Estado. Parte do teor foi divulgado no domingo pelos jornais "Correio Braziliense" e "Estado de Minas".

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