Foi do lateral-esquerdo o último gol marcado no estádio, na vitória do Bahia por 3 a 0 sobre o ABC, em 2007. Partida foi última antes do acidente

O dia era 22 de novembro de 2007. A Série C do Campeonato Brasileiro estava a três rodadas do fim. Na luta para deixar o então porão do futebol brasileiro, o Bahia vivia um momento de união ainda mais forte com a torcida. Os 60 mil ingressos para o jogo já tinham sido vendidos com antecedência. Em campo, um resultado à altura do público e da festa tricolor: 3 a 0.

Nos minutos finais do jogo, já aos 41, Ávine pegou a bola na ponta esquerda, entrou na área e, mesmo com a marcação de dois adversários do ABC, chutou na saída do goleiro Raniere. O chute saiu fraco. O lateral estava desequilibrado, mas a bola entrou devagar no canto esquerdo do gol situado no lado do Dique do Tororó. Estava feito o último gol na Fonte Nova.
- Eu só me dei conta de que tinha feito o último gol do estádio quando foi interditado. Só ali que a ficha caiu. O último gol é minha maior lembrança da Fonte Nova. Foi algo que ficou marcado para mim – afirma o jogador, quase seis anos depois.
Depois do triunfo em uma noite de quinta-feira, o Bahia voltou a jogar ainda uma última vez na Fonte Nova. Três dias depois, o Tricolor defendia a liderança do octogonal final da Série C diante do Vila Nova. O jogo garantiu o retorno do time baiano à Segunda Divisão. Mas a festa não pôde durar muito. Quando a torcida já comemorava o acesso, parte da arquibancada superior da Fonte Nova cedeu e sete pessoas morreram.
O jogo terminou 0 a 0 e, por pouco, o último gol da Fonte Nova não teve outro autor. Aos 44 minutos do primeiro tempo da partida contra o Vila Nova, Elias foi derrubado na área pelo goleiro Vinícius. Pênalti claro. Nonato, também ídolo da torcida, pegou a bola, chamou a responsabilidade, mas errou. O atacante bateu forte para a defesa de Vinícius. Quis o destino que o nome do mineiro de Aimorés ficasse marcado para sempre na história do Bahia e da Fonte Nova.
Seis anos depois, um novo Ávine
O tempo passou e pouco daquele Ávine de 2007, então com 19 anos, continua. O lateral amadureceu. Aprendeu com os erros cometidos no futebol e passou a ser um seguidor da Igreja Batista Planeta de Cristo. A religião, diz dele, foi o marco para a principal transformação na vida.
- Mudou tudo. A minha vida mudou 100%. Hoje eu sou evangélico. Sou 100% cristão. Hoje eu vivo da minha casa para o Fazendão e do Fazendão para a igreja. E para a minha família, principalmente. Hoje eu tenho me apegado muito a Deus. Eu sei que o que estou passando é uma provação de Deus para que, quando as coisas começarem a acontecer, eu dar valor e continuar com os pés no chão – diz.

em 2007 (Foto: Raphael Carneiro)
A visita fez com que a ansiedade do jogador para voltar a campo se tornasse ainda maior. Diagnosticado com uma lesão na cartilagem do joelho, ele não disputa uma partida oficial desde agosto do ano passado, quando o Bahia empatou em 0 a 0 com a Portuguesa. Após um longo período de fortalecimento muscular, com duas tentativas de retorno aos gramados, o lateral voltou a treinar normalmente com o grupo há duas semanas.
- Estou bem. A confiança aumenta a cada dia. Estou feliz por voltar a treinar com bola com o grupo. Há muito tempo eu não treinava com bola. A gente tem que ter sabedoria que, por ter ficado muito tempo parado, não posso fazer tudo de vez. A ansiedade bate, mas tem que ter paciência para que as coisas possam fluir naturalmente – alerta o jogador.
Estou com muita saudade. Não vejo a hora de voltar a jogar"
Ávine
- Eu tive a oportunidade de fazer o último gol da Fonte Nova. Quem sabe agora eu não volte e possa também, se for da vontade de Deus, fazer o primeiro gol do novo estádio? – sonha o jogador do Bahia.
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